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28/11/2024 - A represa do balneário Sete de Setembro pode desaparecer nos próximos anos, caso uma intervenção ambiental não seja realizada. O reservatório sofre com um fenômeno chamado de eutrofização causado pelo acúmulo de nutrientes que podem secar a água do local e transformar o ambiente aquático em terrestre.
Um dos problemas registrados no balneário é o aumento excessivo na presença de plantas aquáticas, que consomem o oxigênio da represa.
O engenheiro ambiental Alberto Martins Júnior disse que, para se desenvolverem, as plantas precisam principalmente de hidrogênio, fósforo e potássio. “Esses elementos são as bases dos fertilizantes agrícolas”, afirmou.
Júnior explicou que o ribeirão Sete de Setembro tem um ciclo rural e recebe uma carga elevada desses nutrientes por causa da falta de acompanhamento técnico nas lavouras. “Infelizmente, o pessoal acaba fazendo uso exagerado, achando que se colocar dez de fertilizante a planta vai crescer cem. E não é assim que acontece”, afirmou.
Vale lembrar que esses nutrientes lançados nos campos se acumulam no solo e, nos períodos de chuvas, são levados para o rio. E do rio para a represa. A represa pode ser comparada a um grande decantador. E o excesso de nutrien-tes lançados no leito forma um ambiente propício para o crescimento das plantas aquáticas. “E esse excesso de plantas cria um ciclo. E aqui entra o processo de eutrofização que está ocorrendo na represa. Na eutrofização se tem o crescimento pelo excesso dos nu-trientes, onde as plantas crescem. Elas começam a tomar todo o espelho d’água como ocorre ali”, explicou Júnior.
Da mesma maneira em que as plantas nascem, elas seguem o ciclo natural da vida e morrem. Nesse processo natural, essas plantas se decompõem no fundo do lago, criando um assoreamento.
Júnior disse que no balneário Sete de Setembro ocorre no momento dois tipos de decomposição: a aeróbica, na presença do oxigênio, e a anaeróbica, na ausência de oxigênio. “Em todos os casos de ambientes aquáticos, a decomposição começa no sistema aeróbico, com a presença do oxigênio”, disse. Nesse caso, ocorre o uso do oxigênio pelas bactérias aeróbicas para criar a decomposição dessa matéria orgânica.
O engenheiro ambiental explicou que, basicamente, as bactérias aeróbicas consomem o oxigênio da água para degradar a matéria orgânica por meio da DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio). “Esse é um parâmetro que vai identificar a quantidade de oxigênio necessária para degradar aquela matéria orgânica. Então se começa a consumir o oxigênio da água. Só que, no momento em que o excesso de nutrientes ainda ocorre, tem o nascimento de novas plantas”, afirmou. “E esse processo entra em um novo ciclo: a planta nasce, morre, é decomposta de maneira aeróbica, consome oxigênio, novas plantas nascem, entrando nesse ciclo até acontecer a extinção do oxigênio”, acrescentou.
Esse processo, porém, gera a morte de peixes e o desaparecimento da fauna aquática que é responsável pela manutenção do nível de plantas no espelho d’água. “Penso que já não exista uma fauna muito diversificada na represa. Essa fauna ajuda a controlar porque ela consome essas plantas e impede o crescimento de novas”, afirmou Martins.
Decomposição
anaeróbica
O engenheiro ambiental explicou que, apesar da extinção do oxigênio da água, o processo de decomposição das plantas tem que continuar. “Nesse caso, se deixa de ter a decomposição aeróbica na presença de oxigênio e passa a ter uma decomposição anaeróbica. Nesse momento, se tem outros tipos de bacté-rias que vão começar a degradar a matéria orgânica que está na represa”, destacou. Esse novo processo natural produz o enxofre como resultado final dessa composição. Na sequência, um novo ciclo se inicia com o nascimento e morte da planta que, agora, é decomposta de maneira anaeróbica.
Júnior explicou que esse enxofre se transforma em ácido sulfúrico (H2SO4) responsável pela acidificação da água. “Uma água que antes era difícil de ter vida, agora passa a ser praticamente impossível. Essa acidificação começa a matar as plantas que estão no espelho d’água, o que intensifica ainda mais o processo”, afirmou.
A acidificação da água aumenta a mortandade dessas plantas e o assoreamento do lago. Segundo o engenheiro ambiental, com o aumento do assoreamento, a lagoa se converte em um pântano que tem um alto teor ácido, impróprio para qualquer tipo de vida. “Com novos assoreamentos, o local acumula um lodo, vira um brejo e no fim do brejo, na hora que ele seca, se transforma em um terreno, criando um ambiente que deixou de ser aquático e passou a ser terrestre”, destacou.
Intervenção
imediata
Para o engenheiro ambiental, a represa do Sete de Setembro precisa de uma intervenção imediata. “Precisamos verificar o nível de oxigênio, restaurar a fauna aquática, criar um modelo de aeração imediato, limpar as plantas para barrar o processo de eutrofização”, afirmou. “Depois, para recuperar a balneabilidade, temos que atender uma série de parâmetros com a Cetesb, como os parâmetros microbiológicos e de qualidade de água que devem ser atendidos”, acrescentou.
Júnior destacou que a represa é um ponto turístico do município que pode ser usado para receber concurso de pesca, canoagem e natação, por exemplo. “Esse é um lugar para passar com a família e tem uma pista de motocross ao lado. Tem um potencial turístico muito grande, mas infelizmente ele não é aproveitado. Foi abandonado pelo poder público por muitos anos e precisamos urgentemente revitalizar esse local, devolvendo esse espaço para a população”, afirmou. “É muito importante a revitalização urgente do Sete para que a gente não perca esse espaço. Se continuar com esse processo que está ocorrendo hoje [de eutrofização], infelizmente a represa vai desaparecer ao longo dos anos”, completou.
Trabalho
De acordo com o trabalho apresentado pelo engenheiro ambiental, a represa do balneário Sete de Setembro tem uma área total de aproximadamente, 55 mil metros quadrados. “No local, pode se observar a presença de águas com coloração avermelhada devido a presença de macrófitas predominantemente flutuantes e emersas”, disse. “Essa área apresenta cerca de 30 mil metros quadrados, ou seja, 60% da área total da represa estão tomadas pelas macrófitas”, acrescentou.
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