POWER POINTS: A economia é para quem é do ramo

Economia


              (*) Roberto Musatti 
 
09/08/2024 - O Brasil entregou ao governo da esquerda em 2022 uma economia com um superávit em caixa, inflação sob controle dentro da meta, estatais com lucro, balança comercial altamente superavitária, bolsa de valores em alta e recebendo constantes infusões de capital internacional, superávit primário mês após mês, fruto de um rígido controle das despesas públicas - exatamente o oposto do que se registrava em nossa vizinha Argentina, praticamente falida. 
Bastaram 20 meses do governo da esquerda para que se repetissem os desmandos que resultaram em nossa maior crise econômica deste século no governo de Dilma. As posições se inverteram - os argentinos romperam os grilhões da esquerda peronista - elegendo o liberal Milei, que depois de alguns meses, colhe os primeiros frutos positivos na economia. Enquanto isso, por aqui, a administração petista governa o País como se o dinheiro público fosse infinito. 
 Advogados entendem de leis e direitos. Médicos, de saúde. Engenheiros, de obras. Administradores, de gestão. Economistas entendem da economia como um todo, da distribuição dos finitos recursos disponíveis - todos voltados para a melhoria do padrão de vida da população. Infelizmente, a esquerda esqueceu a meritocracia optando pelo padrão de vida dos companheiros da 'carreta furacão', inundando Brasília com ministérios e funcionários, alguns verdadeiros 'aspones' - tudo sob aplausos de 'specialists' na mídia cooptada cujo o conhecimento de economia é dubio.
Não é preciso dar 'nomes aos bois' - os economistas de peso que assinaram a malfadada carta de defesa da democracia feita nas carteiras dos sapientes das arcadas da Faculdade de Direito (!) da USP, do Largo  São Francisco, os 'Faria Limers' - estão envergonhados e arrependidos com os desmandos e as frequentes declarações absurdas governamentais, endossadas pelos obcecados pela ideologia.
De forma resumida para os iniciantes no estudo desta ciência que é a economia, quando se gasta mais do que se arrecada, surge o déficit público primário calculado a cada mês. A solução não é arrecadar, taxar cada vez mais a atividade econômica do País - de salários a investimentos - pois na conhecida Curva de Lafer a população com menos dinheiro no bolso (renda disponível) gasta menos, logo sofre a economia como um todo - do emprego, produção e investimento.
O insistente déficit público faz com que o governo busque no mercado financeiro recursos para cobrir o rombo e este mercado cobra juros cada vez maiores, mantendo o garrote no pescoço público. Aliado a isto sobram cada vez menos recursos no sistema para financiar investimentos do setor privado, brecando o crescimento da produção interna e os empregos. 
Produção menor e demanda aquecida resulta numa alta de preços das mercadorias pela necessidade do lucro repartido num volume menor produzido. Para conter esta alta de preços (inflação), resta como último recurso o aumento de juros pelo Banco Central visando conter a demanda e equilibrar o mercado - menos compradores = preços começam a cair. Esta alta de juros compensa também - mesmo que atrasada - a renda daqueles que têm de pagar os reajustes dos aluguéis e aqueles que dependem de recursos de programas sociais como aposentadoria. Não se trata de 'rentistas', como os desconhecedores desta área - mas de remunerar o capital investido, a poupança privada. Quem investiria numa economia com inflação de 10% e juros de mercado a 2%? Haveria uma fuga para as bolsas, mercado imobiliário, ativos como o ouro.
O ajuste da taxa de juros tem quer ser muito bem feito, sem viés politico, pois se os juros forem muito maiores que a inflação, aí sim cessaria a atividade econômica em favor da renda financeira, mas causando uma recessão monstro na economia, no mercado de trabalho, na produção. Para tornar este ajuste ainda mais difícil, resta o componente das expectativas futuras sinalizadas pelas declarações dos dirigentes públicos. O capital doméstico e internacional é absurdamente covarde: ao primeiro sinal de desequilíbrio, ele foge para portos mais seguros. Um bom indicador é quanto $$$ saiu do País, da bolsa no 1º semestre deste ano - o mais alto dos últimos anos, que estava já se acostumando a receber mais do que saía.
Quando esta saída é maior do que a entrada e não é compensada pelo superávit da balança comercial (exportações - importações) a tendência é de aumento cambial (dólar). Nos últimos meses o dólar tem se desvalorizado em relação às moedas fortes como yen (Japão) e valorizado em relação às moedas dos países com problemas ainda maiores que a economia americana, como o Brasil. O País tem uma confortável reserva cambial acima de 350 bilhões de dólares que o Banco Central controla com mão de ferro para impedir um possível ataque especulativo como o que deixou a Argentina, Venezuela, México e Rússia tempos atrás sem recursos até para comprar medicamentos do exterior.
A produção interna sofre com os ataques verbais e reais do governo, especialmente no agronegócio, que tem sido a tábua de salvação da economia, inclusive em governos anteriores do PT. Na produção industrial, o sofrimento vem dos impostos, taxas cada vez mais dependentes das necessidades extravagantes do governo e da insegurança jurídica causada pelo papel de sustentação politica desempenhada pelo judiciário.
Economia é coisa séria que não deve ser descrita por diletantes ideológicos.
 
(*) Roberto Musatti, economista (FEA-USP), mestre e doutor em marketing (Michigan State - CIBU San Diego)

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