11/07/2025 - O presidente dos EUA enviou uma carta ao presidente do Brasil comunicando que impôs uma tarifa de 50% em cima das exportações brasileiras para os EUA. Nela, Trump cita os motivos da decisão que em sua maioria não se referem a temas econômicos ou comerciais, mas sim ao panorama politico do País. Certos pontos parecem cruciais: a judicialização da política nacional com a perseguição à oposição e ao seu nome maior - o ex-presidente Bolsonaro - com o intuito de impedir sua candidatura nas próximas eleições de 2026 e talvez o ponto que mais irritou a administração Trump foram as insistentes medidas judiciais decretadas de abrangência internacional como se não existissem fronteiras entre os países, mormente para empresas e cidadãos dos EUA.
Trump e o presidente seguiram ao pé da letra uma repetição da crise dos EUA com os aiatolás do Irã. Durante meses Trump enviou mensagens, movimentações claras, aviões - avisos certeiros aos aiatolás para que desistissem de seu programa nuclear de fins bélicos com a declarada intenção de eliminar o Estado de Israel. Os aiatolás continuaram dobrando apostas sob a escusa de ser "assunto doméstico de segurança" e que qualquer interferência significava o desrespeito à sua soberania. Após meses de procrastinação nas reuniões de negociação, dos aiatolás considerarem a postura de Trump como bravata, foram surpreendidos com o bombardeio de suas instalações nucleares, que tornaram mais distante seu objetivo de fabricação da 1ª bomba atômica islâmica.
Tanto o presidente como seu "guru de política externa", Celso Amorim, decidiram fazer discursos que fossem opostos e críticos às politicas da administração Trump. Apoiaram abertamente o Hamás e o Hezbollah, atacaram Israel baseados na propaganda palestina de genocídio e fome em Gaza, criticaram o ataque às instalações nucleares do Irã, receberam navios de guerra iranianos internacionalmente sancionados no Rio por uma semana (coincidentemente certa quantia de urânio enriquecido parece ter 'sumido' do armazém da Marinha no próprio Rio), apoiaram com presença em eventos a Rússia de Putin na guerra com a Ucrânia e os aiatolás. Membros da Corte Suprema também fizeram pouco caso das ameaças de Trump e 'trucaram' com medidas na direção oposta ao preconizado por Trump - que sempre deixou uma porta aberta para uma sinalização de abrandamento, o que não ocorreu, como na nova lei de controle das redes sociais - fato decisivo na ação de Trump.
A esquerda brasileira, que desde o primeiro momento desprezou, ridicularizou, criticou, ironizou Trump através de sua convertida mídia, se vê diante da realidade de um Trump transparente que cumpre o que promete - motivo de sua altíssima aprovação nos EUA. Os poderes Executivo e Judiciário brasileiros viram sempre 'a árvore se esquecendo da floresta' - o "big Picture" das consequências de suas ações. A taxação de 50% sobre as exportações do Brasil afeta a balança comercial e pode ser seguida de outras medidas se ambos os poderes resolverem mais uma vez dobrar a aposta. Trump já avisou - qualquer taxação em cima de produtos americanos pelo Brasil será adicionada aos 50%. Se continuarem as perseguições políticas, a lei Magnitsky poderá ser aplicada a vários membros do governo e seus colaboradores, o que significa a "morte financeira" dos atingidos. Considerando que a politica externa brasileira só agradou a China, Irã, Venezuela, Cuba, Coreia do Norte e Nicarágua, sendo desprezada pela maioria dos países europeus e norte americanos, será difícil substituir as exportações para os EUA em outros mercados.
A ideia do presidente de fabricar aviões da Embraer na Índia para exportar levou tiro certeiro de Trump ao impor tarifas de dois dígitos (perto da brasileira) a países como Bangladesh, Tailândia, Camboja, que tentam o mesmo esquema com produtos chineses. A Embraer perdeu US$ bilhões de exportação de aviões comerciais para a Polônia pelo apoio a Putin, mas comemorou a venda de outros US$ bilhões para a SkyWest americana, que agora pode ter sido torpedeada. As pressões que deverão vir sobre outros compradores dos aviões da empresa podem resultar num curto prazo na sua falência e desemprego de seus 19 mil funcionários. Apenas um exemplo...
Irá o governo americano agir contra as empresas brasileiras nos EUA como a JBF? Ou contra os bancos brasileiros com agências nos EUA? Ou cidadãos brasileiros que trabalham para estes bancos nos EUA? E como ficam as empresas brasileiras listadas na NYSE? Alguém se arriscará ou veremos um forte movimento de venda, baixa e prejuízos para as empresas? O dólar poderá alcançar valores acima dos R$ 7,00 encarecendo nossas importações - inclusive petróleo - visto que os dólares das exportações serão mais escassos assim como os investimentos? E a inflação, cesta básica, custo de vida que certamente serão atingidas - afetarão as classes de menor renda? Estes serão os primeiros impactos ...
"Money talks, Bullshit walks", diz o ditado americano - 'Quando o dinheiro fala, o discurso fútil, ideológico desaparece'. Trump está decidido a não deixar a China penetrar ainda mais no continente depois da Venezuela. O presidente e o Judiciário esqueceram que Brasil não tem o cacife de uma Rússia, de uma China para se arvorar como "Líder do Sul Global e desafiar a moeda americana" em mais uma afronta a Trump.
Assim como na crise com o Irã, o contencioso de Trump não é com o povo brasileiro, mas sim com o atual governo brasileiro. O poder moderador agora passou para o Congresso, que deverá ter a capacidade de executá-lo. O difícil será aguentar a ladainha da esquerda, seus articulistas e comentaristas tentando inflar o nacionalismo que eles tanto desprezaram, esquecendo a intervenção americana de Biden/Obama a seu favor em 22 como um ministro recentemente revelou.
(*) Roberto Musatti, economista (USP), mestre em marketing (Michigan State University),
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