Jesus Guimarães

17/07/2025 - Trump tentou juntar situações para justificar o tarifaço de 50% que nos impôs: a) a destacada participação do Brasil no BRICs, grupo de países que estão “peitando” o imperialismo americano; b) a atuação do Judiciário brasileiro que tem impedido empresas americanas de afrontar nossas leis, sobretudo a Constituição Federal; c) a importunação dos traíras Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo & Cia pedindo socorro para o chefe da tribo, Bolsonaro, praticamente condenado à prisão pela tentativa de golpe de Estado.  
O vulgo "Dudu bananinha" deve ter garantido à entourage trumpista que a medida seria suficiente para o Congresso aprovar a anistia para todos os golpistas de 08 de janeiro de 2023, inclusive o Jair. 
Mas as coisas não eram, e não são tão simples assim. Os poderes da nossa República, embora harmônicos entre si, são autônomos. Temos uma Constituição escrita e atualizada, não um amontoado de leis e pareceres como acontece nos States. A própria bancada conservadora sentiu o tiro no pé que havia dado depois da inequívoca reprovação da maioria do seu próprio eleitorado. Tanto não bastasse, o que não esperavam era a forte insatisfação amplamente manifestada por importantes segmentos dos produtores e comerciantes norte-americanos. 
A Câmara Nacional de Comércio dos Estados Unidos - que raramente se refere especificamente a qualquer país em suas declarações, sempre genéricas, inominadas - publicou em seu site uma carta pedindo a Trump que desista de impor essas tarifas ao Brasil, pois existem 6.500 empresas americanas que dependem de bens brasileiros para que possam produzir. 
E qual é a importância dessa Câmara? Na categoria, é a maior do mundo, existe há 100 anos e agrega 3 milhões de associados, sem dúvida uma entidade a ser respeitada até pelos atuais ocupantes da Casa Branca. 
Dessa maneira, a absurda atitude do autocrata Donald Trump contra nós, tropeça de saída nos interesses de seus próprios compatriotas.
O desespero é tanto e a cara-de-pau ainda maior que, na ânsia de justificar as ameaças feitas ao Brasil, até o fato de o sistema americano de pagamentos chamado WhatsApp Pay ter perdido para o nosso atual PIX, instituído pelo BC brasileiro e ora consolidado no País, foi uma deslealdade a ser compensada com tarifas extras.   

(*) Jesus Guimarães é professor, bacharel em Direito, funcionário aposentado do 
BB e ex-prefeito de Tupã
E-mail: zuguim@uol.com.br