O desafio invisível de ser pai ou mãe de um adolescente em fase de decisões

Variedades


 

(*) Adriano de Oliveira

24/10/2025 -  A adolescência é uma fase complexa de se viver, de se relacionar e de se observar. É o momento em que o corpo muda, a mente questiona, os vínculos se reorganizam. Para os filhos, é o início de um mergulho na própria identidade. Para os pais, é um período de dúvidas e conflitos: o adolescente que antes era próximo começa a se afastar, a contestar regras, a reagir com irritação diante de perguntas simples.
Essa mudança costuma se intensificar justamente quando a vida exige decisões complexas — como a escolha da carreira. Enquanto o adolescente ainda está tentando entender quem é, já se vê pressionado a decidir “o que vai ser da vida”, por outro lado, os pais, preocupados com o futuro, tentam orientar, sugerir, puxar a responsabilidade, transferir sua experiência e justo nesse momento surgem os conflitos.
Frases como “você precisa se decidir logo”, “isso não dá dinheiro”, “se eu fosse você…” se tornam cada vez mais comuns, porém com a melhor das intenções, mas são ouvidas pelo adolescente como críticas ou tentativas de controle. 
Por outro lado, o silêncio, a hesitação ou a recusa em falar sobre o assunto também geram tensão e o ambiente em casa se torna instável, repleto de discussões, afastamento, desconfiança mútua ou conversão na decisão dos pais.
É importante compreender que esse conflito não é apenas sobre profissão, ou seja, é sobre identidade, autonomia, pertencimento. 
O jovem, ao tentar escolher uma carreira, está também tentando dizer quem quer ser no mundo. E isso envolve desejos, medos, influências externas, comparações com os colegas, inseguranças sobre o próprio valor. Quando os pais não conseguem enxergar essa complexidade e interpretam tudo como “preguiça”, “imaturidade” ou “rebeldia”, o diálogo se fecha.
Muitos pais, mesmo com amor e dedicação, se veem perdidos: não sabem como ajudar sem invadir, como orientar sem pressionar, como se fazer presentes sem serem rejeitados. Essa sensação de impotência é mais comum do que se imagina. E ela não é sinal de falha, mas sim um convite à reflexão.
 Ser pai ou mãe de um adolescente exige novas ferramentas, novas escutas e, muitas vezes, novas formas de vínculo e buscar apoio psicológico nesse momento pode fazer toda a diferença.
A psicoterapia oferece um espaço seguro tanto para o jovem quanto para os pais entenderem o que está por trás das reações e resistências. Ajuda a desfazer mal-entendidos, aliviar culpas, fortalecer a confiança e, principalmente, criar uma base emocional sólida para que o adolescente possa decidir seu caminho com mais clareza e segurança.
Mais do que respostas prontas, os filhos precisam de pais emocionalmente presentes, atentos e dispostos a caminhar juntos, mesmo que em silêncio respeitoso. 
A escolha profissional é só um dos muitos desafios dessa fase, mas é também uma oportunidade de reencontro. Quando os pais acolhem essa jornada com escuta e empatia, a relação não apenas sobrevive à adolescência — ela amadurece junto com os filhos.


(*) Adriano de Oliveira,
psicólogo clínico e neuropsicólogo
- CRP: 06/150383

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