Quando o diagnóstico de TDAH se torna o ponto de virada para a gestão emocional

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(*) Adriano de Oliveira

14/11/2025 - Inúmeras vezes nomeamos uma impulsividade, uma desatenção, uma falta de interesse, um excesso de energia e uma hiperatividade apenas como “falha pessoal”, mas isso não é de longe correto.  
O diagnóstico de TDAH é o grande ponto de virada importante para quem enfrenta desafios de gestão emocional, cria clareza e reduz a autocobrança excessiva. 
A partir desse entendimento, a pessoa deixa de operar no automático e passa a enxergar seu próprio funcionamento emocional com mais estratégia e consciência. Nesse movimento inicial a família, o adolescente e até adultos já diminuem a sensação de inadequação e abre-se espaço para novas formas de entender e lidar com o dia a dia.
Quando o indivíduo entende que a impulsividade não é “falta de vontade”, mas um padrão cerebral, neurobiológico, que exige estratégias específicas, ganha repertório para responder melhor aos gatilhos. Em vez de reagir com explosões emocionais ou decisões precipitadas, começa a reconhecer sinais internos e externos que antecedem esse comportamento. 
Esse mapeamento de gatilhos é fundamental para a autorregulação, pois permite antecipar situações de risco e acionar combinações de comportamento mais funcionais. Pequenas pausas, respirações estruturadas, apoio visual e organização do ambiente tornam-se ferramentas práticas para criar um intervalo entre o impulso e a ação.
Outro ponto essencial é a relação com a frustração, afinal, pessoas com TDAH, especialmente adolescentes e adultos jovens, tendem a sentir a frustração de forma mais intensa e a recuperarem-se mais lentamente de experiências negativas. 
O diagnóstico ajuda a contextualizar essa sensibilidade. Isso evita interpretações equivocadas, como achar que se trata de imaturidade emocional ou má vontade. Com essa clareza, torna-se possível desenvolver habilidades de enfrentamento mais dirigidas, como rotinas desenhadas especificamente às necessidades de cada pessoa, como estratégias de reestruturação cognitiva que fortalecem a tolerância à frustração. 
A psicoterapia atua pontualmente nesse processo, ampliando a capacidade de interpretar situações de forma mais equilibrada e por isso se faz importante ter um diagnóstico profissional, pois irá trazer um autoconhecimento necessário para a autorregulação e leveza para o desenvolvimento emocional.
Saber que há uma tendência natural à dispersão, à procrastinação ou a oscilações emocionais permite desenhar rituais, hábitos e sistemas de suporte mais eficientes. 
O indivíduo passa a planejar com mais realismo, priorizar de forma mais assertiva e desenvolver mecanismos internos para manter a consistência. Esse processo não acontece de uma vez só, mas sim, ele evolui à medida que a pessoa compreende seu próprio ciclo emocional e aprende a ajustar sua energia ao longo do dia.
Sendo assim, realizar o diagnóstico de TDAH também favorece a comunicação com a família, a escola ou o ambiente de trabalho. Quando todos entendem o que está por trás de certos comportamentos, abre-se espaço para diálogo e construção de acordos mais claros. 
Esse alinhamento reduz conflitos, aumenta o senso de pertencimento e cria um ambiente que potencializa a autorregulação emocional. Assim, o diagnóstico deixa de ser apenas uma explicação técnica e se torna uma ferramenta poderosa de desenvolvimento pessoal, emocional e relacional.

(*) Adriano de Oliveira,
psicólogo clínico e neuropsicólogo- 
CRP: 06/150383

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