Um pouco mais sobre a história de Varpa

Variedades


(*) José Carlos Daltozo
 
Visitei Varpa, um distrito de Tupã, na manhã de 22 de junho. Fica localizado próximo ao Rio do Peixe, na vicinal Quatá-Tupã. Dois fatores interessantes: foi colonizada por letos, a partir de 1922, e as terras foram adquiridas de João Gomes Martins, o mesmo colonizador de Martinópolis. Lá ainda existem construções típicas da Letônia, um povo báltico vizinho da Rússia. São casas de madeira na Fazenda Palma, que fica a três quilômetros do povoado.
Pesquisando a história de Varpa, encontrei o relato abaixo, que é interessante conhecer.
“Os séculos XIX e XX assinalaram uma nova forma de povoamento do Brasil, realizado através de imigrantes estrangeiros, que, em sua grande maioria, se fixaram como colonos em vastas zonas rurais do Sul e Sudeste do País. A partir de 1890, aportaram também letos, que constavam oficialmente nas estatísticas como russos, pois, procedendo do Império Russo, com documentos russos, ninguém indagava de sua origem étnica, a não ser os vizinhos, mais tarde, com a convivência.
As opressões político-religiosas e as condições socioeconômicas precárias, que na Letônia não permitiam ao cidadão adquirir um pouco de terra para lavrar e com o produto do seu trabalho prosperar honestamente, foram os motivos fundamentais que deram origem aos primeiros movimentos imigratórios de batistas letos para o Brasil.
Em junho de 1897, enviado pela sociedade missionária de Riga, chegou a Rio Novo - atual Avaré (SP) - um dos seus mais dinâmicos obreiros, o jovem pastor João Inkis, com apenas 26 anos de idade, mas experiente nas lides evangelísticas na Letônia e nas colônias letas da Rússia, falando corretamente três línguas: leto, russo e alemão.
A sua permanência entre os batistas letos do Brasil, que durou dois anos, uniu a sua alma a este País de tal forma que voltou em outra visita, em 1911, e depois, em 1921, transferindo-se definitivamente para o Brasil, fundando em 1922, juntamente com mais 2.300 letos, quase todos batistas, a grande colônia Varpa, no Estado de São Paulo.
Um dos motivos dessa imigração foi a Primeira Guerra Mundial, com todo o seu horror. Deportações, fugas, requisição, ocupação comunista, fome, morte e desespero varreram a terra dos seus antepassados.
Quando o pastor João Inkis já se encontrava no Brasil, juntamente com Júlio Malves, os dois estabeleceram alguns pontos básicos que deveriam nortear a escolha do local para a colônia leta a ser fundada; vindo todos da Letônia para o Brasil por uma orientação divina, como acreditavam, para um propósito comum: deveriam concentrar-se num só lugar para evitar a dispersão; tal lugar, consequentemente, teria de ser bastante amplo para que cada uma das 300 a 400 famílias esperadas tivesse uma área para cultivar. Tendo em conta os poucos recursos financeiros dos imigrantes, as terras teriam de ter preços acessíveis.
Uma vez decidida a questão da localização da nova colônia, era urgente tratar da compra das respectivas terras e tomar outras providências, pois que Júlio Malves havia recebido um telegrama dizendo que a primeira grande leva, de 453 pessoas, já estava a caminho do Brasil, a bordo do navio Araguaia, que chegaria ao porto de Santos aos 26 de outubro de 1922. Portanto, estavam abertos os caminhos para a grande corrente emigratória e um fluxo de levas sucessivas traria ao Brasil um contingente considerável de batistas letos.
Aos 10 de outubro de 1922, os irmãos Peteris Veinbergs e Roberts Rudzits, acompanhados do pastor Arvido Eichmam e mais outros irmãos de Nova Odessa como intérpretes, partiram para São Paulo a fim de tratar da aquisição das terras escolhidas. Feitos os últimos dos ajustes com o proprietário, João Gomes Martins, aos 13 de outubro de 1922 foi lavrada no tabelião da cidade de São Paulo, a escritura pública de compromisso de compra e venda de uma gleba de aproximadamente 2.100 alqueires de terras da fazenda Pitangueiras, que foi retalhada em lotes de 1, 5 e 10 alqueires, que foram sorteados entre interessados e computadas as devidas despesas do acampamento feito em comum durante um ano, foram finalmente revendidas aos colonos. Os grupos de imigrantes letos haviam chegado em breves intervalos de três a quatro semanas, e assim, desde agosto de 1922 até outubro de 1923, chegaram ao Brasil e foram destinados à colônia Varpa, 2.223 pessoas, trazidas por 11 navios.”
 
(*) José Carlos Daltozo é morador de Martinópolis e tem duas colunas fixas no jornal semanal Folha da Cidade de Martinópolis. Em sua coluna da semana passada ele escreveu esse relato sobre Varpa, acrescentando que quem vendeu as terras para os letos, em 1922, foi o mesmo fundador de Martinópolis, João Gomes Martins. Ele tinha vários loteamentos rurais nas cidades de Paraguaçu Paulista, Quatá, Varpa e Martinópolis.

 

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